12/05/2010

para matar o orgulho

"O Senhor odeia os orgulhosos de coração. Sem dúvida serão punidos."1

Um provérbio como esse incomoda o mais puritano frei em clausura. Em parte porque os cristãos, ou melhor, os crentes, acreditam que Deus apenas "ama" e portanto, não pode odiar. Primeiro, Deus não ama, Ele é o próprio Amor e em segundo lugar sim, Ele sente ódio, ou alguém acha que ele nutre simpatia pelo pecado e pelo pai da mentira? Tudo o que vai contra a Sua natureza Santa é por Ele odiado. Você pode ou não concordar comigo, sinceramente, não me importo. É sobre meu orgulho que vou escrever e não sobre o seu.

Nascido num lar quase cristão (meu pai não era convertido na minha infância), batizado nas águas aos 11 anos de idade (e diga-se de passagem sem entendimento algum do que era aquilo), converti-me aos 16 anos em um retiro para jovens, na mesma fase da vida em que a única coisa que realmente me importava era quando tudo aquilo iria acabar... não o retiro, mas minha detestável vida. Entre os 18 e 26 anos experimentei todo esse alimento "sobrenatural", rico em esquizofrenia e extremamente pobre em Palavra e Poder. Aos 27 anos embarquei para o Timor-Leste como professor de História mas também como servo do Senhor, conheci um verdadeiro campo missionário e não uma Disney para crentes de classe média sem oportunidades no Brasil. Com quase 29 anos, já no Brasil, assisti um vídeo com a pregação do Pr. Paul Washer. Quase uma hora de pregação e nenhum grito, nenhum aleluia e na única vez em que foi aplaudido repreendeu a massa com uma autoridade que faria Nikita Krushev ruborizar.

O que havia de diferente naquele homem? Sinceramente... ao analisar bem aquela pregação ele não era diferente de Elias, não mesmo... era sujeito aos mesmos pecados do profeta arrebatado. A diferença  que vi em relação a grande maioria dos pregadores contemporâneos estava em sua pregação. Eu vi a Palavra de Deus sendo exposta e não a história ou a experiência orgulhosa de um homem.

Naquele dia compreendi que não era convertido a nada senão à meu próprio ventre. um deus ridiculamente preservado por mim para minha própria condenação. Toda minha espiritualidade girava em torno do meu umbigo. Orgulhava-me de ter um conhecimento razoável sobre Deus e convencer-me de um erro era uma tarefa para Hércules. Ainda naquele dia vi meu ventre se abrir e expor toda minha podridão. O trabalho de uma vida sendo desfeito em poucos minutos. Meu orgulho de conhecer algo sobre Deus não passava de conhecimento da letra e nisso, qualquer fariseu era melhor do que eu. Quanto a Hércules, não foi ele que Deus usou, mas Seu próprio Espírito Santo.

Um soldade inglês da Primeira Guerra Mundial reescreveu a sacrifício de Isaque. No final de sua "nova" história ele escreveu. "A Europa, ao invés de sacrificar o Cordeiro-Orgulho, sacrificou seus próprios filhos". O que vemos hoje na igreja de Cristo como feridas expostas e chagas incuráveis? O orgulho de pessoas que não aceitam a repreensão pois não querem ver seus ventres abertos e exposta toda sua prole de pecados. Preferem sacrificar sua própria vida a enviando para o inferno do que mandar aquele "bode" criado com tanto esmero.

O que eu enxergo hoje: Pastores que por mais bem intensionados que estejam preferem vociferar suas experiências pessoais com bastante orgulho à expor a Palavra de Deus, que sem dúvida alguma foi inspirada pelo Espírito Santo. Também vejo pastores que expõe a Palavra e buscam usar o púlpito como um verdadeiro altar de adoração, no entanto suas ovelhas estão mais preocupadas com a hora com que o culto vai terminar pois querem chegar em casa e aquecer a janta, pois o pão espiritual não é nada para elas.

Constantemente luto contra esse alfinete em minha carne, que às vezes parece ser um espinho... mas seria ousadia minha dizer que o que passo é semelhante ao que passou aquele que levou a cruz por mim. A cada dia tento fazer minha as palavra do rei Davi, para que um dia eu possa ver o Rei dos Reis e Senhor da Glória.

"Senhor o meu coração não é orgulhoso e os meus olhos não são arrogantes. Não ando a procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim."2

Que um dia eu possa ver meu orgulho totalmente aniquilado e enterrado e possa ler não mais o meu texto... mas o seu.

Daniel Clós Cesar

1. Provérvbios 16.5
2. Salmos 131.1

Um comentário:

Paulo Brasil disse...

Deixei um comentário para o Irmão no Bereianos.

Excelente a avaliação.

Em Cristo.