23/04/2010

que loucura do evangelho é essa?

Algum tempo atrás, visitando uma professora de História da UFRGS, de quem tive o prazer (ou desprazer levando-se em conta as dificuldades da cadeira) de ser aluno no início dos anos 2000, e enquanto discutiamos a respeito da edição de seu mais novo livro, iniciamos uma conversa sobre o "preconceito" cristão.

Defendi que o cristianismo não é preconceituoso, mas rígido em sua doutrina. Afirmei para ela que não importava o que eu pensava, mas sim o que a Palavra "pensava" para mim e sobre mim. Ela é meu oráculo, ela é meu caminho e nela eu apoio todo meu ser, não importando o que pensa o outro, mas ela simplesmente. Antes de ser sensível ao outro, sou sensível a Palavra de Deus que me diz: Ame o próximo como a ti mesmo; o que não permite que eu seja insensível com meu próximo, mas não tolera que eu o ponha antes daquilo pré-ordenado por Deus em Sua Palavra.

Pelos adjetivos usados por ela para definir minha linha de pensamento, pude deduzir, que para ela isso tudo é loucura. Como podia eu, depois de ter caminhado numa das mais tradicionais escolas marxistas do Brasil pensar assim? Era um louco insolente que cuspia em tudo que ela e outros ensinaram com tanto ardor do alto de seus pedestais antropocêntricos.

Você evangélico de longa data pode também não concordar comigo... fazes bem, deves antes disso, mergulhar teus pensamentos e dedicar teus poucos dias que ainda restam para ler, meditar e concordar com a Palavra de Deus e não com alguém como eu, que você não conhece, senão por uns poucos textos publicados sem muita freqüência na internet. Mas talvez eu saiba porque você não concorda e também saiba que não é desvio da Palavra, mas sim, desvio de sua auto-imagem-cristã que o leva a discordar de mim.

Você não admite "perder" alguém para o reino de seu deus. No seu "planejamento" e estratégia de evangelismo, Mateus não precisa sair da recebedoria nem Pedro largar as redes quando Jesus disser: Siga-me. Para você, "conversão" é algo gradual, acontece ao longo de anos, décadas... quiçá uma vida... no entanto, te contradizes quando afirma que "salvação" é algo instantâneo, precedida apenas de uma curta e ritualística oração.

Enquanto conversava com aquela mulher não via uma doutora em História a quem eu devia honrar... ela não precisava das promessas do evangelho pagão contemporâneo, financeiramente ela vai muito bem. Talvez ela tenha problemas em outras áreas, quem sabe, pouco me importa... me importava naquele dia e me importa ainda hoje uma única coisa quando vejo um perdido, doutor ou analfabeto: Expor a Palavra da Cruz.

O problema é que nós, que decidimos expor a Palavra de Deus tal qual ela é, deparamo-nos com uma palavra verdadeira: "Certamente, a Palavra da Cruz é loucura para os que se perdem" (1 Co 1.18)

O que fazer então? Continuar a pregar o evangelho louco para um mundo perdido ou pregar um evangelho paliativo à alma destituída de Deus? Pregar uma cruz que leva o homem ao arrependimento ou um caminho tão lindo que só mesmo um louco recusaria andar por ele?

Os atuais pregadores e crentes preferem se apegar às experiências pessoais em detrimento da Palavra de Deus, pois aquela lhe dá uma falsa segurança de que seu trabalho evangelístico tem muito efeito, esta no entanto, mostra que é impossível uma vida se salvar senão pela inteira vontade e trabalhar do Espírito Santo de Deus, pois sem sua intervenção ela continua loucura para os que se perdem e sabedoria tão somente para os salvos. E para o homem é melhor depender tão somente dele, do que de outro, ainda mais de um deus tão longe.

Será portanto, que a Palavra de Deus já não se tornou loucura também para nós? Será que hoje desejamos ser sábios ao mundo em detrimentos de ser santos a Deus?

Este texto não é definitivo... eu muito tenho que aprender sobre evangelizar...  nem mesmo teria coragem de escrever umas poucas linhas ensinando-os tal ministério. No entanto não tenho a aprender sobre estratégias de evangelismo, mas sim de Palavra, que eu novamente afirmo: É meu oráculo, meu caminho e onde apoio todo meu ser.


autor: Daniel Clós

07/04/2010

um pouco de ar puro

Faz um tempo não publico nada... não parei de escrever, mas li muito mais do que dissertei neste tempo. E que tempo. Eu na verdade precisava respirar um pouco... só um pouco... mas fica difícil com toda essa poluição. Não falo da poluição gerada pelas indústrias de derivados de petróleo, ou do monóxido de carbono liberado pelos automóveis... não, este tipo de poluição o ser humano parece ter assimilado... aliás, parece-me que a teoria darwinista nunca foi tão "verdadeira" como agora... principalmente na comunidade auto-proclamada cristã.

Dentro da comunidade igrejeira evangélica brasileira (cópia porcaria da matriz estadunidense), são os que se reproduzem melhor (abrindo mais centros comerciais de indulgências), as catedrais que devoram as igrejicas e os líderes que exploram com maior eficácia os subprodutos de suas ovelhas que recebem o certificado de "homens de deus". Pequenas congregações com pastores que insistem em pregar a cruz, estão fadadas ao desaparecimento, pois sua pregação não condiz com a realidade e os desejos da massa que procura cerimônias e pirotecnia, mesmo que isso custe muito caro... muito mais que apenas mil reais.

Ao ler sites e blogs que criticam as negociatas e as apresentações quase circenses de Malafaia, Feliciano, Macedo e da trupe Valadão, assim como suas teologias funâmbulas, os autores demonstram uma preocupação com a ingenuidade das pessoas que seguem tais entidades espirituais. Porém, num rápido exame da Palavra, lendo Mt 23.15... Jesus diz que os prosélitos são duas vezes mais filhos do inferno que seus mestres.


Não importa se é oferecido ar fresco, novo e saudável a esses "crentes", o que eles procuram são ambientes fechados, com iluminação artificial e temperatura ajustável, ainda que seja um ar viciado, uma luz prejudicial aos olhos e um templo aos pedaços.


Não creio que Cristo tenha feito uso de uma hipérbole ao dizer que são mais filhos do inferno que seus mestres. O caminhar de homens e mulheres que se convertem à falsas doutrinas e a um evangelho que não o dos apóstolos é uma evidência disso. Esse homens e mulheres não seguem a Palavra de Deus, desconhecem-na e a julgam difícil de entender... recorrem aos tais interpretes, que não só interpretam, mas são capazes de fazer novas revelações e de mortificar a palavra viva para que ela possa servir de pasto para corações mortos (2 Pe 3.16). Longe da Palavra, não são capazes de diferenciar o direito do esquerdo, não há possibilidade de luz. Seus olhos são trevas e sua conversão e temor consistem em mandamentos humanos, em práticas fracas e que não tem nenhum efeito para salvação. Preferem suportar as pesadas cargas impostas pelos homens do que suportar a cruz oferecida por Cristo. Não porque conhecem a cruz, mas porque a desconhecem.

O gás assassino expelido por púlpitos caídos cegou-lhes a mente e o coração,  tais homens vivem apenas para seus prazeres e para as facilidades de um evangelho sem Cristo. Distantes de Deus e com a visão escurecida, seguem confiantes um deus tátil... o dinheiro.


por Daniel Clós Cesar